Ansiedade engorda? Essa é uma duvida recorrente entre as pessoas que já tentaram de tudo para emagrecer, mas por terem fracassado em praticamente todas as tentativas, agora buscam soluções no campo emocional.
O problema é que em muitos casos as informações encontradas não levam em consideração os reais causadores desses problemas emocionais.
Esse também é um dos grandes erros em quase todas as discussões que abordam a ansiedade: ela geralmente é tratada como a raiz de diversos problemas. Encontramos facilmente textos que classifiquem todos os seus sintomas, que mostre cada hormônio responsável pelo desencadeamento dela e quais são as suas formas de tratamento – quase sempre, medicamentosas.
Porém, quase nunca somos levados a refletir sobre o que causa a ansiedade e o que tem feito dela um dos problemas emocionais mais frequentes na atualidade.
Acontece que esse tipo de informação, que é frequentemente utilizada para “explicar” a ansiedade, acaba criando um comportamento automático que nos faz colocar a ansiedade como causa dos mais variados problemas.
É o que acontece nessa pergunta: “ansiedade engorda?” ⇒ Aqui a ansiedade é colocada como possível causa do ganho de peso.
Entretanto, falar em ganhar peso é falar em uma questão que não aceita uma relação de causa e efeito tão simples assim, já que, ela própria é uma questão multifatorial, inclusive afetada pela maneira como o corpo gordo é visto e tratado em nossa sociedade.
Percebe como não é possível responder a essa pergunta sem considerar todos os fatores envolvidos?
Mas afinal, o que produz ansiedade?
Será que ganhar peso é de algum modo uma produção sociocultural?
Para responder a todas essas questões e finalmente encontrar a resposta para a pergunta central deste artigo, é fundamental tornar claros os 3 principais erros que ela esconde…
Ansiedade engorda? O erro#1 dessa pergunta é não considerar as reais causas da ansiedade
A ansiedade que nos faz sofrer em maior ou menor grau não é um defeito, mas uma valiosa adaptação evolutiva que funciona como um sinal para nos avisar que algo pode dar errado no futuro.
Sob o ponto de vista evolutivo, essa emoção angustiante foi o que livrou nossos ancestrais de várias tretas, pois ela antecipava possíveis ameaças permitindo que o corpo e a mente se preparassem para um enfrentamento, caso fosse realmente necessário.
Nossos ancestrais aprenderam que precisavam ficar alertas quando ouviam um som que lembrava um rugido, mesmo que distante, pois isso representava a possibilidade de ser atacado por um animal feroz. Hoje nos preocupamos com ameaças bem diferentes.
Os estudos da psicologia evolutiva fazem uma relação direta entre esse sentimento ancestral e o sentimento que vivemos na atualidade. Tanto hoje quanto no passado, ele é desencadeado a partir de uma avaliação do que pode trazer riscos futuramente. Avaliação essa feita através daquilo que aprendemos durante toda a nossa história – desde o dia que nascemos até o último dia vivido – sobre o que é arriscado e perigoso.
Pensando por essa via, a ansiedade pode ser facilmente confundida com o medo, isso porque esses sentimentos se manifestam em nosso corpo e mente de maneira muito semelhante, porém apresentam uma diferença central. O que nos deixa com medo é uma ameaça real, como por exemplo uma arma apontada para nossas cabeças, em contrapartida, o que desencadeia a ansiedade são possíveis ameaças futuras.
Ou seja, o medo torna nosso corpo apto para se defender ou fugir de uma situação que está acontecendo no presente, enquanto a ansiedade antecipa essa prontidão deixando a mente sob alerta e o corpo apto para encarar ou evitar os possíveis riscos de algo que julgamos que possa acontecer. Diferente do medo que tem causas bem claras, a ansiedade tem causas pouco definidas e, por diversas vezes, nem percebemos quais são elas.
Portanto a ansiedade é uma reação do nosso corpo aquilo que achamos que pode ser ariscado ou perigoso no futuro. Ela se manifesta de forma desagradável, pois tem a função de preparar o corpo para ação, seja enfrentar o risco ou fugir dele. E além disso, ela é desencadeada a partir daquilo que aprendemos que é arriscado e perigoso durante a vida.
Mas se a ansiedade tem essa importante função para vida, porque será que hoje em dia sofremos tanto com ela?
Primeiramente por que a ansiedade é predominantemente tratada como um defeito ou um sentimento desagradável que só serve para trazer angustia e sofrimento e, por isso, precisa ser arduamente combatida. Todo o seu significado e função foram desconstruídos através de uma prática médica – infelizmente, predominante – que se especializou em diagnosticar doenças e prescrever remédios…
Isso faz com que a gente não busque entender o que as nossas reações ansiosas estão tentando nos dizer, assim não conseguimos encontrar o alívio para essas reações, continuamos tratando os sintomas e ignorando os reais causadores do problema.
Em segundo lugar, porque a ansiedade é uma produção do tempo em que vivemos, ela é consequência dos modos de vida que estabelecemos como corretos no decorrer da nossa história. Portanto, pra entender o que nos deixa tão ansiosos hoje em dia é necessário entender o que embasa a nossa noção de risco e perigo na atualidade e assim conseguiremos entender as reais causas da ansiedade.
Marcio Bernik, chefe do Ambulatório do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, elenca algumas das principais causas da ansiedade na atualidade. São elas:
Inúmeras hierarquias as quais somos levados a acreditar que precisamos nos encaixar
Nesse caso, falar em hierarquia também significa falar em status e aceitação social. Temos modelos muito rígidos para definir o que uma pessoa precisa ter ou ser para ser “bem vista” e aceita socialmente.
Esse modeles ditam desde a marca de roupa correta, até o corpo considerado correto para ser aceito. Ser subordinado a esses modelos gera mal-estar, baixa autoestima, faz desejar ser quem não é e ter o que não tem.
O risco de não ser aceito socialmente ou de cair de hierarquia causa ansiedade.
Grande carga horária de trabalho
Enquanto suas provisões não acabassem, caçadores coletores podiam se dedicar ao lazer e dificilmente precisariam trabalhar depois do sol se por. Nós, em contrapartida, somos valorizados de acordo com a quantidade de horas – “Quanto mais, melhor!” – trabalhadas.
Quem é valorizado é quem trabalha muito – “hard work” – e é extremamente dedicado a suas funções laborais ao ponto de sacrificar a vida pessoal e afetiva.
O pior de tudo é que os ambientes de trabalho geralmente são muito competitivos, instáveis e estressantes – ambiente mais “hostil” e propício a ansiedade não há!
Quantidade e qualidade de informações expostas através dos meios de comunicação
Acreditamos no Jornal Nacional como se ele fosse um oráculo da sabedoria! William Bonner se comporta como um pai autoritário e dono da verdade, o que ele fala é lei. Porém, ele e tantos outros que seguem um modelo parecido, criam preocupações e sensações de risco e perigo que atendem a interesses muito específicos.
Outra coisa importante para dizer é que vivemos em uma sociedade da informação, mas isso não quer dizer que você precisa saber de tudo, até porque, saber de tudo não é possível.
No entanto, na tentativa de ler e ouvir sobre tudo, você é capturado pela informação rasa e produtora de conceitos distorcidos e interesseiros – o que pode te deixar ansioso e aflito com o futuro do país, por exemplo.
Violência urbana
É o medo de ser morto! Mas é, principalmente, o medo de perder aquela coisa que você conquistou com o “suor do seu trabalho pesado”, que você comprou para ser aceito no seu grupo social. Além disso, tem o William Bonner – novamente – contando várias tragédias que acontecem no país todo santo dia. Aqui parece que junta tudo! Ansiedade na certa!
Ansiedade engorda? O erro#2 dessa pergunta é não considerar como o gordo é visto em nossa sociedade
Antes de qualquer coisa precisamos delimitar quem é considerado gordo para nossa sociedade. Parece ser uma questão super obvia, está gorda a pessoa que tem IMC – índice de massa corpórea calculado através da seguinte fórmula: peso(kg) / altura(m) ² – maior que 25. Porém, na prática, o “buraco é mais embaixo”!
Recentemente viralizou na internet uma matéria do Portal R7 que criticou o corpo da apresentadora de TV Fernanda Gentil. A apresentadora decepcionou, como sugere o portal, ao mostrar na praia “mais curvas do que as roupas revelam” enquanto está trabalhando. Inclusive, o figurinista dela foi elogiado por conseguir disfarçar tão bem suas “imperfeições”.
O corpo de Fernanda não passou pelo crivo dos rígidos padrões estabelecidos como ideias, pois tem “curvas demais” e “celulites demais”, além de “algumas gordurinhas demais”. Fica implícito na matéria que para os rígidos padrões de beleza, Fernanda está gorda.
Nesse mundo é considerada gorda a pessoa que extrapola – peso, gordurinhas, celulites – os padrões de beleza entendidos como ideais. Ou seja, são gordas aquelas pessoas que não se parecem com as esqueléticas modelos das passarelas, com as musas e musos fitness espalhados pela internet ou com as mulheres e homens estampados nas páginas das revistas…
Por vezes esses perfis são utilizados para representar saúde, sugerir satisfação e realização pessoal e, principalmente, para aludir à eterna juventude.
Em contrapartida, o corpo que não se encaixa nos padrões é representado como imperfeito, sem saúde e indigno de felicidade. Nas novelas as personagens gordas raramente – acho que quase nunca – estão felizes, amando ou sendo amadas. São sempre aquelas que estão representando a feia, a problemática ou mal sucedidas.
Está gostando deste artigo?
Então você vai gostar ainda mais da nossa série especial em vídeo...O que acontece é que nessa sociedade do espetáculo, que supervaloriza a imagem, as pessoas tem sua capacidade, competência e até o mesmo seu caráter julgados a partir de sua aparência física.
E a imagem das pessoas que não estão compatíveis com os padrões não é associada a nada bom, muito pelo contrário, é uma imagem associada a coisas como: relaxo, pouco cuidado com a saúde, feiura, falta de força de vontade, gula entre tantas outras características negativas.
Não é difícil observar o tamanho do preconceito que as pessoas consideradas gordas – mas principalmente as obesas – sofrem em nossa sociedade.
A discriminação começa pelas “piadinhas” ofensivas e vai até a agressões violentas – como foi o caso de um bizarro “rodeio das gordas” que rolou na Universidade Estadual Paulista há poucos anos.
Alguns alunos tiveram a infeliz ideia de armar uma competição onde vencia quem ficasse mais tempo montado em uma menina gorda. Os caras fizeram até pagina, na época no orkut, para combinar as regras da tal competição. Ganharia quem conseguisse ficar mais tempo montado nas garotas.
O mais chocante foi a forma como as criaturas se justificaram: disseram que era só uma brincadeira. Para eles agredir as meninas gordas – repito: montar nelas como se fossem animais de rodeio – era apenas uma brincadeira.
Como não passou pela cabeça daqueles boçais que a “brincadeira” era extremamente agressiva e violenta?
Fato é que o episódio retrata em alta resolução a maneira como as pessoas gordas são vistas e tratadas em nossa sociedade. Elas são julgadas, culpadas e punidas por serem gordas. Porém engordar é um fenômeno multifatorial e muitas vezes a culpa nem mesmo é da pessoa que engordou.
Ansiedade engorda? O erro#3 dessa pergunta é não considerar que engordar é um fenômeno multifatorial
É provável que muitos que estão lendo este texto, acreditem que as pessoas que ganham peso excessivo são aquelas que comem muito e se exercitam pouco. Essa é a fórmula mais disseminada quando o assunto é o ganho de peso.
Acredito, também, que a maioria – se não todos! – já tentaram seguir a risca a “formula mágica do emagrecimento” – comer menos e se exercitar mais – e não alcançaram resultados positivos ou se conseguiram, voltaram a recuperar o peso perdido. Infelizmente, essas pessoas devem ter se culpado demais e aceitado que não foram tão esforçadas como dizem por ai que deveriam ter sido.
A grande verdade é que a “formula mágica do emagrecimento” realmente não funciona. Algumas pessoas até conseguem emagrecer a custa de extremo sacrifico. Entretanto, a grande maioria não consegue.
E quando conseguem emagrecer, seguindo essa teoria do balanço calórico, a chance de recuperar o peso perdido é de impressionantes 93% (ou mais) como demonstrou o excelente artigo publicado no New York Times que analisou os ex-participantes do bizarro reality show The Biggest Loser – que por sinal é um programa de TV extremamente humilhante.
Só mesmo uma sociedade que trata as pessoas gordas do jeito que descrevemos no tópico anterior, para não questionar uma formula tão ineficaz como essa.
Felizmente, tem muita gente bacana estudando e repensando tudo isso e, graças a elas, atualmente sabemos que as causas do sobrepeso e da obesidade são múltiplas e estão relacionadas com fatores que nem sequer imaginávamos. Afinal quem diria que a teoria do balanço calórico, que nos doutrinou a pensar que o “segredo do emagrecimento” é comer menos e se exercitar mais, estaria completamente errada?
Ganhar peso não é produto de uma formula simples, pelo contrário, é produto de múltiplos fatores sendo esses físicos, emocionais e até mesmo fatores socioculturais. Por isso, perguntar se a ansiedade engorda sem considerar a complexidade de seus múltiplos fatores é mais um erro escondido na questão.
Abaixo falarei um pouco sobre os fatores que contribuem com o ganho excessivo de peso.
Fatores físicos
O Obeso Emagrece trata essa questão com extremo zelo, trazendo as melhores informações sobre o assunto, tudo com embasamento científico sério e atualizado. Para mim o mais legal aqui, é que todas as informações tem o cuidado de desconstruir as “verdades absolutas” que trazem muito sofrimento para quem está insatisfeito com o corpo.
O Glauber já escreveu sobre isso maravilhosamente bem! Portanto, basta ler os materiais abaixo para se informar melhor:
- [Infográfico] Como emagrecer? Entendendo como engordamos.
- [Infográfico] Paradoxo nutricional: o que realmente faz você engordar?
- [Infográfico] Guia alimentar saudável para emagrecer se alimentando bem
- [Infográfico] Diferenciando MÁ ciência de BOA ciência
- [Infográfico] Uma história muito mal contada: a demonização da gordura saturada!
Fatores emocionais
Pretendo escrever um post só sobre isso, pois tem muita coisa pra ser abordada e analisada.
Mais do que falar sobre compulsão alimentar, depressão ou até mesmo da ansiedade, que são geralmente as questões emocionais relacionadas com o ganho de peso, precisamos falar sobre a relação com a comida que é construída a partir da história de vida de cada pessoa.
Algumas linhas teóricas da psicologia acreditam que são os conflitos desenvolvidos desde a concepção, e principalmente na infância, que podem desencadear a produção de um corpo obeso.
Para algumas pessoas, a fome pode remeter a perda ou ao desamparo vivido nesses períodos iniciais de vida, por isso buscam a comida como uma forma distorcida de “saciar” esses sentimentos. Outras pessoas construíram a partir de suas histórias uma dificuldade de relacionar-se afetivamente, nesse caso, a comida acaba virando substituta do contato saudável com o mundo.
As possibilidades de relação emocional com a comida são infinitas, já que cada um tem uma história e um modo único de viver. Contudo, a história de vida da pessoa é que produz sua relação com a comida e consequentemente cria a possibilidade dela engordar.
Sendo assim, pensar em fatores emocionais é pensar na história de vida da pessoa e na sua interação com o mundo.
Fatores socioculturais
Como já conversamos, somos bombardeados a todo momento por imagens e “padrões de beleza” pouco prováveis de serem alcançados, mas ao mesmo tempo somos bombardeados por propagandas de comidas processadas e industrializadas sendo vendidas como sinônimo de saúde e felicidade – não é a toa que para aliviar as tensões emocionais recorremos a esse tipo de alimento.

A coca cola em seus comerciais faz do seu refrigerante sinônimo de saúde e felicidade, parecido com o que os comerciais de cigarros faziam há alguns anos atrás…
Vivemos algumas transformações culturais que impulsionaram o consumo desse tipo de comida. O ritmo acelerado de vida, o trabalho que ocupa a maior parte do nosso dia e a facilidade proporcionada pela comida empacotada transformaram a nossa alimentação em uma bomba de gorduras hidrogenadas, açúcares/carboidratos e alimentos refinados/processados.
Tudo isso em detrimento do consumo de produtos regionais com tradição cultural e adaptados ao nosso organismo.
Estamos sendo enganados! Há pouca saúde dentro dos pacotes de comida. E além de tudo a sensação de felicidade que elas proporcionam é efêmera, ou seja, rapidinho é substituída pela culpa e autojulgamento. Assim, se inicia o ciclo vicioso de comer para aliviar as tensões.
Conclusão
Considerando que as verdadeiras causas da ansiedade estão diretamente relacionadas aos modos de vida que construímos, que o contexto social no qual estamos inseridos é produtor de ansiedade…
Considerando que esse contexto social ridiculariza e violenta o corpo gordo ao ponto de produzir nas pessoas um grande medo de engordar, uma persistente insatisfação com o próprio corpo e, ainda, cria a crença de que para ser belo, feliz e amanado você precisa estar dentro de um “padrão ideal”…
E considerando que engordar é um fenômeno multifatorial composto por questões socioculturais, ou seja, engordar também é efeito de um contexto social que transformou comida empacotada em sinônimo de saúde…
Eu te pergunto:
É possível definir o que vem primeiro?
A ansiedade engorda ou engordar gera ansiedade?
A pergunta do título continua fazendo sentido para você?
Considerando tudo que envolve a ansiedade e o ganho de peso, é possível inferir que os dois fenômenos são efeito de um mesmo conjunto de fatores que compõe a nossa complexa realidade social. Eles realmente andam juntos, estão quase sempre no mesmo lugar – ou habitando a mesma pessoa. Porém, não tem uma relação de causa e efeito, tem uma relação de produção mútua. Um “alimenta” o outro.
Esse contexto social que determina padrões de beleza extremamente rígidos e inatingíveis; que julga, ridiculariza e violenta o corpo gordo; que impõe uma enorme carga horária de trabalho; que criou comida processada – a grande vilã do ganho de peso – e a trata como solução saudável para falta de tempo tem como consequência ansiedade e sobrepeso/obesidade.
Infelizmente, poucas vezes somos levados a pensar desse modo, pois a responsabilidade pelas “doenças modernas” sempre cai sobre os nossos ombros. Pensar o contexto social como produtor dessas doenças é propor a transformação desse contexto, porém transformar o contexto é mexer nos interesses e privilégios de quem está no poder.
É propor a redução da carga horária de trabalho, é incentivar a agricultura familiar, é valorizar os diferentes tipos de corpos e a vasta multiplicidade de belezas…
É te deixar livre para, ao invés de usar todas as suas forças se culpando por todos os “defeitos” que carrega, lutar por uma mundo mais justo e alegre!
Revisão
1. O erro #1 conceitua a ansiedade como uma valiosa adaptação evolutiva que funciona como um sinal para nos avisar que algo pode dar errado no futuro. Além disso expõe as reais causas da ansiedade. Causas estas que estão diretamente relacionadas com os modos de vida que construímos. Algumas delas são: as inúmeras hierarquias as quais somos levados a acreditar que precisamos nos encaixar, extensa carga horaria de trabalho, quantidade e qualidade de informações expostas através dos meios de comunicação e a violência urbana.
2. O erro #2 questiona que tipos de corpos a nossa sociedade atual classifica como sendo um corpo gordo. Além disso expõe todo preconceito sofrido pelas pessoas que estão fora dos “padrões de beleza”.
3. O Erro #3 além de expor que engordar é um fenômeno multifatorial, expõe alguns desses fatores: fatores físicos, fatores emocionais e fatores socioculturais.
4. Finalmente na conclusão do texto você encontra a resposta para a pergunta inicial – ansiedade engorda? Trazendo um novo olhar para essa relação o texto propõe que a ansiedade e o ganho de peso são produtos do mesmo contexto, ou seja, não existe uma relação de causa e efeito entre elas mas sim uma relação de produção mútua.
Palavras finais
Espero que tudo que tenha sido exposto nesse texto possa te ajudar a entender qual é a real relação entre ansiedade e o ganho de peso.
Espero, ainda, que ele tenha sido importante para você repensar alguns conceitos amplamente disseminados sobre os temas relacionados.
É fundamental observar que estamos falando de questões muito complexas, por isso, ainda temos muitas coisas para conversar sobre elas, esteja a vontade para propor novas discussões.
Para concluir te proponho um exercício de reflexão: procure suas fotos do período em que começou a se sentir gorda ou gordo e tente perceber como a ansiedade e a sensação de ser gordo(a) se manifestavam em você nessa fase da sua vida.
Se se sentir à vontade, compartilhe suas impressões conosco nos comentários abaixo! 😉
Eu li a matéria e achei todos os aspectos ligados a ansiedade muito válidos. Mas há um aspecto que acredito fazer muito sentido. Alguns alimentos são como droga. Falo de açúcar e carboidratos refinados. Quanto mais se come mais se quer comer. E quando ficamos em privação desse alimento, eles causam ansiedade de abstinência. E essa ansiedade passa por um tempo quando ingerimos mais desse alimento. Igual um drogado mesmo, que fica muito ansioso pela droga. Alguns alimentos provocam compulsão e por consequência, ansiedade. Por isso eu acredito que a ansiedade também tem uma ligação com a escolha do que ingerimos.
Olá Dani, obrigado pelo comentário!
Realmente faz muito sentido o que você disse, mas esse assunto não foi abordado pela Glicia em profundidade porque eu já publiquei muita coisa a respeito.
Inclusive em um dos tópicos deste artigo (ERRO#3 > Fatores Físicos) a Glicia até recomenda alguns desses meus materiais, veja:
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“FATORES FÍSICOS
O Obeso Emagrece trata essa questão com extremo zelo, trazendo as melhores informações sobre o assunto, tudo com embasamento científico sério e atualizado. Para mim o mais legal aqui, é que todas as informações tem o cuidado de desconstruir as “verdades absolutas” que trazem muito sofrimento para quem esta insatisfeito com o corpo.
O Glauber já escreveu sobre isso maravilhosamente bem! Portanto, basta ler os materiais abaixo para se informar melhor:”
[Infográfico] Como emagrecer? Entendendo como engordamos.
[Infográfico] Paradoxo nutricional: o que realmente faz você engordar?
[Infográfico] Guia alimentar saudável para emagrecer se alimentando bem
[Infográfico] Diferenciando MÁ ciência de BOA ciência
[Infográfico] Uma história muito mal contada: a demonização da gordura saturada!
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Ou seja, a ideia desse artigo era justamente fazer uma cobertura maior sobre OS ASPECTOS QUE SÃO MAIS IGNORADOS quando se fala em ansiedade, mas se o leitor quiser se aprofundar mais nessa questão da alimentação, basta clicar nos links indicados! =)
Entretanto, acredito que tem algo interessante no seu comentário que merece ser discutido para enriquecermos ainda mais o debate, que é o seguinte…
Assim como existem pessoas que conseguem tomar cerveja somente finais de semana sem se tornarem alcoólatras, também existem aquelas que conseguem comer carboidratos apenas nos finais de semana sem se viciarem em comida.
Então essa explicação do vício que leva em consideração apenas os fatores químicos da substância (carboidratos ou outras drogas) é um pouco simplista demais pois não leva em consideração outros aspectos que também promovem o vício…
Por exemplo: um comprador compulsivo não injeta, não bebe e nem come nada que capture o seu cérebro e o faça ter vontade de comprar, mas ainda assim ele se comporta como um viciado/compulsivo em muitos casos. Até mesmo pessoas viciadas em jogos de azar ou em jogos eletrônicos sofrem desses mesmos males.
Então como explicar p vício nesses casos?
Muitos podem dizer que é predisposição genética e afins, mas a grande verdade é que o problema central do vício, no meu ponto de vista e de muitos especialistas, está na falta de uma vida plena e na falta de socialização do indivíduo…
Para entender melhor o que eu estou tentando dizer recomendo FORTEMENTE que leia esse quadrinho, MUITO BACANA, explicando como a falta desses elementos pode levar uma pessoa ao vício extremo ou até mesmo a morte…
http://www.stuartmcmillen.com/comics_pt/ratolandia/
E também recomendo FORTEMENTE que você assista esse TedTalks de um autor de um livro sobre vício/drogas, veja:
https://www.ted.com/talks/johann_hari_everything_you_think_you_know_about_addiction_is_wrong?language=pt-br
Resumindo: carboidratos/açúcares e comida lixo no geral são tão ruins quanto várias outras drogas, mas a diferença entre uma pessoa que se vicia ou come esses alimentos quando fica ansioso (a) e uma que consegue comer apenas finais de semana, por exemplo, é que a primeira é mais afetada pelos problemas/erros tratados pela Glicia neste artigo e a segunda não. E certamente a segunda pessoa tem uma vida com menos faltas e maior inclusão social, cultural etc.
Espero que tenha contribuído e agregado com algo a mais pra você… =)
Muito obrigado pela sua participação, que certamente acrescentou muito a esta discussão, e sinta-se sempre à vontade para participar aqui nos comentários!
Olá Dani…
O Glauber explicou direitinho porque segui esse caminho no texto…
Só reforço que é fundamental reconstruir a ideia que temos do vício – de qualquer vicio! As referencias que ele citou podem ajudar muito com isso…
Açúcar e carboidratos refinados tem o POTENCIAL de viciar – pode ser que vicie, pode ser que não – a grande questão é analisar todo o contexto de produção da relação do individuo com esse tipo de alimento para entender como o alimento acabou se transformando em uma fonte de prazer e alegria maior que qualquer outra coisa na vida…
A ansiedade tem sim uma ligação com aquilo que escolhemos comer, mas aquilo que escolhemos comer é bastante determinado pelo contexto histórico e social que vivemos… Foi isso que busquei abordar no texto!
Muito obrigada pelo seu comentário!
Esteja a vontade para questionar qq outra coisa…
Até mais!
Glicia, agradeço muito! Eu gostei bastante dessa visão sobre o vício e a questão da conexão. Muito interessante! Um aspecto novo pra mim e achei que faz sentido. Grande abraço.
Dani, quem agradece sou eu!
Volte sempre…
:*